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17 de ago. de 2012

Tudo em nome da Fé!... Mas nem todos!


Menino de 11 anos foge de casa para pagar promessa


Jeferson Aparecido de Amorim (11 ANOS!) voltou para casa na madrugada desta segunda-feira (19), após participar de uma missa no Santuário de Nossa Senhora Aparecida e pagar a promessa. (..) O menino fugiu de casa na noite de sexta-feira (16). Sem que ninguém percebesse, ele entrou debaixo do veículo (ônibus) e se escondeu em cima do paralama. Foram mais de 9 horas de viagem e cerca de 550 km rodados. (Fonte: G1)
Há notícias que falam por si só. E ainda querem mesmo defender o ensino religioso nas escolas? Não… sem ele já é ruim. Com ele, melhor é que não irá ficar.Comentários (0)

O ensino religioso do ponto de vista de um ateu humanista


(Observem no vídeo acima o resultado de uma sociedade cegada pela religião. Pode ver sem medo. Com certeza, o vídeo não é para ser algo ruim. Afinal, foi feito de acordo com as leis e as vontades de deus. Ah sim, e reparem em como mais para o final, alguém tem a delicadeza de cobrir as partes íntimas do “recém-defunto”, tudo em nome da moral e bons costumes)
E se você não puder ver o vídeo acima, que sejam as fotos abaixo. Não precisa ter aflição ou achar nojento. Tudo foi feito na maior das boas vontades, a fim de resguardar o islamismo (foto à esquerda) e o cristianismo (foto à direita, cortesia da Ku Klux Klan) e seus respectivos códigos morais e valores.
Hafik é meu personagem fictício. Ele nasceu no Irã, país regido sob a lei islâmica. Hafik aprendeu desde cedo sobre Alah, seu profeta Maomé e seus ensinamentos religiosos registrados no Corão. Hafik é uma boa pessoa, cresce, se casa e forma uma família. Um bom pai, mas não tão bom marido assim. Sua mulher, relegada à condição de... ser “mulher”, não tem a atenção que deseja de seu marido. Algum tempo depois, descobre-se que ela o traiu com outro homem, que a respeitava e a amava de verdade. A sentença para sua decisão de querer ser mais amada: a morte por apedrejamento. Hafik, desde sempre doutrinado assim, está lá no dia e atira a primeira pedra em sua mulher, atingindo o olho e entrando no globo ocular. Depois dele, uma saraivada de pedras abre cortes e traumatiza o corpo da mulher até que morra. Hafik acha que fez a coisa certa e dorme tranqüilo. E antes que eu prossiga, não pense que o cristianismo é menos cruel: só perdeu a liberdade para agir.
Através de um amigo, fiquei sabendo que no dia 26 de Agosto deste ano a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de decreto legislativo 1736/2009, que basicamente propõe a volta do ensino religioso, de modo facultativo, no período de formação fundamental (que compreende de 1ª à 4ª série do 1º grau – antigamente chamado de primário). Com isto, o projeto foi enviado para o Senado votar e, caso seja aprovado, pode ser que tenhamos esta disciplina na grade muito em breve.
Meu amigo e outros tantos defendem a idéia de que é necessário “ensinar” ou “passar” valores morais às crianças, de modo a reconduzir o homem a uma vida mais ética no longo prazo gerando, assim, um bem estar geral na nação. Mas o que deveremos ensinar? Será mesmo que num país recheado de religiosos proselitistas sedentos por evangelizar, iremos passar valores morais ou mera evangelização? E se forem valores morais, quais iremos escolher? Deveremos ensinar desde criança que homossexuais são aberrações, mulheres serviçais dos homens e que outras religiões são heresias? Ou será que ensinaremos “amai ao próximo como a ti mesmo”? De qual das diversas morais apresentadas na bíblia, lançaremos mão para ensinar nossas crianças?
Vamos mostrar o deus cristão bonzinho que matou seu próprio filho (bonzinho ele, não?), ou o deus cristão moralista, racista, xenófobo, homofóbico do velho testamento, que mata crianças que riem da careca dos outros? E aí? Qual moral deveremos ensinar? Quem irá dizer qual é a melhor moral a ensinar, dentre dantas dispostas na bíblia? E quem poderá garantir que está será a melhor moral a ser transmitida? E depois, essa criança sairá da 4ª série. E vê seu pai traindo sua mulher, seus amigos roubando e usando drogas, suas amigas se vendendo para o amigo da turma com o carro mais bonito... ué... esperem... havia ensino religioso antes... então... cadê a moral e os bons costumes tão almejados pelos velhos assanhados da Santa Sé?
Não existem. Nunca existiram. Sobre a religião não se constrói nada de bom. Nesta árvore doente só crescem ervas daninhas. Nunca houve momentos de paz ou de respeito às liberdades individuais quando os religiosos dominavam e difundiam sua cultura. Por exemplo, quando se fala em Inquisição, todos debocham e acham coisa do passado. Mas os valores, as idéias, as convicções e as pessoas para restabelecer todo aquele terror estão TODOS aí. Prontos para agir, disseminar sua fé e defender seu deus à ferro, fogo e sangue – literalmente. Minha liberdade em discordar desta lei estaria comprometida num país dominado por religiosos e este post jamais poderia ser escrito.
O que há de bom na moral religiosa, qualquer que seja a religião? Nada. Pregar o extermínio dos diferentes e colocar uns adornos de anjinhos carinhosos de olhos azuis nos rodapés de livros tirânicos, não tem nada de bom. Por que ateus não se matam? Por que a população carcerária atéia é tão pequena, quase inexistente? De onde tiram a moral e a ética que os norteiam? A lei básica da ética e da moral foi estabelecida séculos antes de Cristo. Uma de suas versões é a “Lei de ouro” Confúcio, 500 a.C.): “Façam aos outros o que gostariam que lhes fizessem. Não façam aos outros o que não gostariam que lhes fizessem. Vocês só precisam desta lei. É a base de todo o resto”. Outro modo de dizer isto é: não há pecado, não há um deus que premie ou castigue, há conseqüências. Cada um deve suportar as conseqüências do que faz.
Mas isso ainda deixaria muito espaço para interpretações maldosas deste princípio. Eis que iluministas e humanistas, indiferentes às igrejas corruptas e hipócritas, redigiram um texto que norteia boa parte do que consideramos “bom” para todos. Fizeram a “Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão”, que deu lugar à mais atual “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Isso não surgiu da mente de religiosos. Da mente dos religiosos, nascem o Index Librorium Proibitorium, o Malleus Maleficarum, nascem organizações como a Ku Klux Klan. Aliás, não há cristãos mais devotos do que os assassinos e racistas da Ku Klux Klan. Vocês acham que eles não foram doutrinados pela moral bíblica? Foram sim, podem apostar. Conhecem de cabo a rabo os ensinamentos do “senhor”.
Hafik, nosso personagem inicial, também. Conhece toda a moral islâmica (da qual a cristã também compartilha muitos valores) direitinho. Então, por que ele apedrejou sua mulher? Porque quiseram ensinar o certo com através do caminho errado.
Qual a alternativa para essa sociedade decadente e moralmente corrompida? Não sei. Tem sido assim por milhares de anos em todas as sociedades, independente de seus deuses e códigos morais. Agora, é ingenuidade achar que a igreja, aquela mesma que assou milhares no fogo da inquisição, irá resgatar esta moral que nunca existiu como um todo, apenas em poucas e evoluídas mentes (e que, nem sempre, eram religiosas).
Para finalizar, uma frase que você jamais ouviria de um religioso:
“Posso discordar de tudo aquilo que você diz,
mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo” - Voltaire
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A impossibilidade da tolerância religiosa


Cerca de 80 mil se manifestam contra a intolerância religiosa no Rio de Janeiro. O movimento foi criado em 2008 quando uma série de atentados e decisões judiciais foram atribuídas ao preconceito religioso. Felizmente, não é por causa dos ateus que a marcha foi realizada. Em verdade, estamos preocupados com outras coisas, como ver TV, sair com os amigos, com namorada, etc. O problema é dos religiosos contra os religiosos. E por que, hein?
Generalizando, toda religião é intrinsecamente xenófoba e preconceituosa. As duas maiores do mundo (cristã e islâmica) derivam de uma mesma fábula homofóbica, machista e sangrenta, cheia de contradições, dubiedades e aberta à infinitas interpretações. E são essas interpretações que dão margem às milhares de denominações cristãs, por exemplo. Para se ter idéia, David B. Berret, Todd Johnson, e Peter Crossing publicaram no International Bulletin of Missionary Research, que existem cerca de 39000 (trinta e nove mil!) denominações cristãs. Muitas partilham as mesmas idéias e convicções. Mas neste mundo segmentado, é de se esperar que diferentes grupos tenham interpretações diferentes e mesmo antagônicas entre si.
O pior de tudo é que a intolerância, no caso da religião, se origina de uma fonte legítima: a fé. Ou seja, eu acredito que podemos chutar imagens de adoração, porque minha interpretação das escrituras diz que o culto à imagem é herético. Sérgio Von Helder, o pastor da Igreja Universal que em 1995 chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida (e que NÃO se converteu coisa nenhuma ao catolicismo) foi processado. Ué? E a tolerância para com a interpretação, crenças e fé do referido pastor?
Em outro episódio, o pastor Tupirani da Hora Lores (que foi preso e sua prisão comemorada pelos organizados da marcha pela “tolerância”), líder da Igreja Geração de Jesus Cristo, no Morro do Pinto, aprovou a idéia de Afonso Henrique Alves Lobato, um dos seus seguidores, que postou na internet um vídeo ofensivo contra as religiões afros, os pais-de-santo e a polícia. Ora, eu nem preciso ler a bíblia profundamente para lembrar que o piedoso e generoso deus abraâmico é radicalmente contra a adoração de outros deuses. Logo, na verdade, o pastor está correto em sua interpretação. O jovem fez aquilo que ele acredita ser o correto (na verdade, segundo a bíblia, está mesmo).
Em 2008, um clérigo armênio afirmou que os monges gregos tentaram colocar um de seus monges dentro da Edícula, uma estrutura antiga que encerraria a tumba de Jesus dentro da Basílica do Santo Sepulcro, local onde, segundo a tradição cristã, Jesus Cristo foi crucificado e sepultado. Resultado? Uma pancadaria com direito a chutes, socos e sangue escorrendo pelas caras, que só foi contida pela polícia israelense. Onde reside a tolerância?
Correntes rivais, mulçumanos xiitas e sunitas se matam e se ofendem apenas porque não concordam sobre quem devia ter sucedido Maomé na ocasião da morte (desculpe, da ascensão aos céus) do profeta.
Como se vê, a religião não vem aqui para unir. Ela está aqui para separar, segregar, conquistar e eliminar denominações diferentes. Não porque assim mandam as sagradas escrituras. Mas porque o homem, sedento de poder de qualquer espécie, se vê na ânsia de dominar os diferentes e os mais fracos. A marcha celebra a danosa contradição imperceptível aos olhos dos ignorantes religiosos, mas clara como o sol para aqueles que não precisam dela para se religar, verdadeiramente, com um deus qualquer (não que existe algum, mas enfim). A espiritualidade é bonita, admito. A religião é peçonhenta, mesquinha, atrasada, retrógrada, preconceituosa, ludibriante. Enfim, as religiões são tudo aquilo que suas escrituras pregam como errado.