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15 de ago. de 2012

Denúncia: Restos de carnes com amônia são vendidos livremente

 


 
Três das quatro fábricas norte-americanas de um tipo de carne processada ("lean beef trimmings", ou restos de carne de vaca) devem ser fechadas, após uma onda de críticas iniciada pelo chef britânico Jamie Oliver.

A onda de críticas colocou em xeque a própria existência do "lean beef trimming" - conhecido popularmente como "pink slime", ou "gosma rosa".

A polêmica começou em 2011, quando Jamie Oliver mostrou, em programa transmitido nos EUA, como era fabricada boa parte dos hambúrgueres do país: com carne processada feita de restos de cortes mais nobres - a qual, em décadas anteriores, seria usada apenas para alimentar cachorros.

Mas, com um processo que, segundo Oliver, inclui a limpeza com amônia, ela se transforma em hambúrgueres que são vendidos em diversas escolas públicas, redes de fast-food e restaurantes americanos.

A limpeza com amônia foi reproduzida por Oliver em seu programa, diante de uma plateia que assistia a tudo.

Em reação, grandes cadeias de supermercado, restaurantes e algumas escolas públicas resolveram proibir a "gosma rosa".

Contra ataque


Líderes dessa indústria se revoltaram contra a campanha, e dizem que o produto é usado desde os anos 1990 e que cumpre os padrões exigidos pelas agências reguladoras.

No início desta semana, a indústria contra-atacou, lançando o slogan "Dude, it's beef" ("Cara, isso é carne") e o site beefisbeef.com e também mostrando o governador do Texas (e ex-pré-candidato presidencial), Rick Perry, mastigando um hambúrguer contendo o chamado lean beef trimming (pedaços de carne magra). Também criou o site
beefisbeef.com

Mas, para o consultor Gary Martin, a indústria não entendeu o recado. "Quem se importa se (o produto) é 100% carne e se é livre de bactérias, se é algo que achamos nojento?", diz ele.

Outro erro da indústria, na sua opinião, foi não ter criado uma marca para o lean beef trimming, permitindo que o nome depreciativo (gosma rosa) se popularizasse.
Talvez isso não tivesse evitado as críticas da imprensa, mas teria facilitado a contenção da crise, argumenta.

Para EJ Schultz, jornalista especializado em indústria alimentícia, a ira dos consumidores foi fomentada pela falta de transparência do setor.
"As pessoas estão se perguntando: Por que eu não soube disso antes? Por que isso não foi colocado nos rótulos?"

O futuro da gosma rosa

Segundo Jason Karpf, professor de relações públicas e marketing, diz que as indústrias de carne têm adicionado restos e outros produtos aos hambúrgueres desde os anos 1970, para reduzir seus preços - mas eles terão que encontrar um substituto à "gosma rosa" que "seja capaz de suportar o escrutínio (público)".

Em contrapartida, EJ Schultz ainda acredita que os "lean beef trimmings" ainda podem, se forem devidamente rotulados, se manter como uma alternativa de baixo custo para os amantes de hambúrgueres.

Já a consultora de marcas Denise Lee Yohn opina que, para as empresas envolvidas na crise, a melhor alternativa talvez seja esperar a poeira baixar.
"Se elas esperarem, deixarem o assunto morrer, em cerca de seis meses ninguém vai pensar nisso, e elas poderão voltar com seu produto."

Abaixo, Jamie Oliver mostra (em inglês) como são produzidos os hambúrgueres e nuggets da indústria de fast food: