Brasileiros antes praticamente miseráveis fazendo fortuna em poucas
semanas, em outras vezes em um dia, esse era o apelo que levou quase cem
mil pessoas a transformar um morro em um imenso buraco, esse lugar
chama-se Serra Pelada.
As fotos realmente impressionam:
Haviam mais de cem mil garimpeiros espalhados por toda região amazônica
da década de 1980, porém a maioria não tinha sorte. Quando começou o
boato sobre as riquezas de uma riacho na beira de um morro em uma tal
fazenda Três Barras, no município de Curionópolis no Estado do Pará, o
garimpeiro José Raimundo da Silva com apenas 23 anos foi logo para lá.
Esse jovem garimpeiro presenciou quando um homem chamado Odorico pegou
uma picareta e com alguns minutos de trabalho encontrou quatro quilos de
ouro ao meio dia. As seis horas da tarde já haviam milhares de
garimpeiros, o morro estava todo desmatado e dividido em barrancos de
dois por dois metros.
Em pouco tempo quase cem mil garimpeiros, cada um com seu cunho de terra
e lama demarcado faziam suas explorações. Muitos ficaram ricos, muitos
não. Em seu lote de terra você poderia tirar só lama ou achar muito, mas
muito ouro mesmo. Esse foi o caso de José Raimundo, que em seus quatro
metros quadrados retirou 2.200 quilos de ouro, equivalente hoje a 18
milhões de reais.
Outro que fez muito dinheiro foi um garimpeiro chamado José Mariano dos
Santos, o Índio. Ele retirou 1.183 quilos de ouro de seus quatro metros
quadrados. Em certa ocasião alugou um Boing pelo equivalente hoje a
quatrocentos mil reais, para buscar uma mulher que ele havia conhecido
em um show do Cauby Peixoto em Belém.
Como a maioria dos 'bamburrados' que investiram seu lucro no próprio
garimpo, Índio perdeu tudo quando o ouro rareou e a Vale do Rio Doce
voltou a requerer o direito de lavra.
A seguir o Globo Repórter histórico sobre Serra Pelada:
