Totem
da ousadia humana, orgulho da engenharia náutica, colosso de 269 metros
de comprimento e 46 mil toneladas, obra-prima de 7,5 milhões de
dólares, o RMS TITANIC,
tido como indestrutível pelos mais insuspeitos especialistas, naufragou
em sua viagem inaugural.
Ao colidir com um iceberg, nas últimas horas
de 14 de abril de 1912, o navio afundou e levou consigo a vida de mais
de 1.500 pessoas. Ao longo dos anos, muitos cineastas basearam-se nesta
catástrofe para os seus filmes. Dentre as produções mais famosas, a de
1953, protagonizada por Barbara Stanwyck, e a de 1997, com Leonardo
DiCaprio e Kate Winslet. No entanto, o primeiro filme sobre o naufrágio,
“Salva do Titanic”, foi realizado ainda no cinema mudo, em 1912,
seguido do alemão “Na Noite e no Gelo”, lançado no mesmo ano. Outros
apenas se inspiraram no famoso naufrágio, de “Atlantis (August Blom,
1913) a “Atlantic” (E. A. Dupont, 1929), de “A História Começou a Noite /
History is Made it Night” (Frank Borzage, 1937) a “O Grande Naufrágio /
The Last Voyage” (Andrew L. Stone, 1960), de “O Destino do Poseidon /
The Poseidon Adventure (Ronald Neame, 1972) a “Dramático Reencontro no
Poseidopn / Beyond the Poseidon Adventure (Irwin Allen, 1979).
O TITANIC
apareceu em todos os meios de comunicação de massa do século 20 -
livros, canções, peças teatrais, filmes, minisséries etc. Sua imagem se
tornou um símbolo da cultura popular desde quando desapareceu nas águas
gélidas do Atlântico Norte. Das primeiras manchetes as primeiras fitas,
tornou-se parte da nossa consciência coletiva, e uma história
reinventada no cinema de várias formas, do melodrama a propaganda
política, de lendas de coragem a atos de sacrifício por amor. A
descoberta dos destroços em 1985 só ajudou a aumentar o fascínio. Mas
são as histórias dos passageiros que pereceram e as vozes dos 700
sobreviventes que continuaram a inspirar artistas, transformando os
eventos nefastos de uma noite em um fenômeno cultural de proporções
míticas.
Confira todos os filmes que abordaram o tema:
Confira todos os filmes que abordaram o tema:
SALVA DO TITANIC
(Saved from the Titanic, 1912)
Com Dorothy Gibson e Alec B. Francis
29
dias após o naufrágio a produtora Éclair apresentou a primeira
dramatização do ocaso do navio. Uma das sobreviventes, Dorothy Gibson,
atriz famosa na época, faz o papel principal e também ajudou a escrever o
roteiro, baseado em suas próprias experiências a bordo do navio, dando
autenticidade a esse melodrama que se perdeu no tempo, restando apenas
fotos.
NA NOITE E NO GELO
(Nacht und Eis, 1912)
Com Waldemar Hecker, Mime Misu
e Otto Rippert
e Otto Rippert
Durante
um jantar, ocorre o acidente, o choque do luxuoso transatlântico com o
enorme iceberg. Com o auxílio de um pequeno barco de brinquedo, foi
possível reproduzir a cena do terrível impacto. Os efeitos especiais,
apesar de rudimentares, impressionam. Considerado perdido por muito
tempo, em 1998 um colecionador encontrou-o em seu cofre. Produção alemã,
quase três vezes mais longo que os filmes da época, comoveu o público.
CAVALGADA
(Cavalcade, 1933)
Com Diana Wynyard, Clive Brook, Una O’Connor
e Margaret Lindsay
Oscar
de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Cenografia. Baseado numa peça
de Noel Coward, começa e termina numa noite de ano novo, em 1899 e em
1932, contando a saga de um casal britânico e os acontecimentos
históricos relevantes deste período, como a Guerra dos Boers, a morte da
rainha Vitória, o afundamento do Titanic e a Primeira Guerra Mundial, e
em como eles influíram em suas vidas. A aparição do Titanic se dá em
uma cena que dura apenas poucos minuos. A excelente Una O'Connor repete o
papel que fez na montagem teatral de Londres, em 1931.
TITANIC
(Idem, 1943)
Com Sybille Schmitz, Hans Nielsen
e Kirsten Heiberg
e Kirsten Heiberg
Projeto
do ministro da propaganda política alemã, Joseph Goebbels, retrata o
Titanic como símbolo da preocupação britânica com a ostentação e a
ganância, mas não deixa de ser uma recriação emocionante do naufrágio.
Ironicamente, seu diretor, Selpin, como muitos artistas na Alemanha
nazista, se viu em oposição ao governo e após insultar o Terceiro Reich,
sua carreira chegou a um fim abrupto. Foi preso e forçado a se enforcar
pelos guardas da prisão.
NÁUFRAGOS DO TITANIC
(Titanic, 1953)
Com Clifton Webb, Barbara Stanwyck,
Robert Wagner, Thelma Ritter,
Brian Aherne e Richard Basehart
Robert Wagner, Thelma Ritter,
Brian Aherne e Richard Basehart
41
anos após a tragédia, a Fox ofereceu uma nova visão do desastre como
pano de fundo para um luxuoso drama e um veículo para a história de um
casal em crise. Ao tirar o foco dos eventos reais, o longa explorou uma
visão mais íntima dos passageiros do navio. Sentimental e evocativo, o
naufrágio se torna o meio pelo qual o casal se redime. Sensibilizou e
apavorou platéias no mundo todo. Oscar de Melhor Roteiro.
SOMENTE DEUS POR TESTEMUNHA
(A Night to Remember, 1958)
Com Kenneth More, Ronald Allen, Robert Ayres
e Honor Blackman
Centrado
quase que totalmente nos eventos e personagens reais, fazendo o
possível para recriar o esplendor e opulência do navio, se tornou o mais
bem sucedido filme inglês do ano e um dos mais caros. Foi uma sensação,
com o público e os críticos unânimes em seus elogios.
A INCONQUISTÁVEL MOLLY BROWN
(The Unsikable Molly Brown, 1964)
Com Debbie Reynolds, Harve Presnell,
Ed Begley e Martita Hunt
Ed Begley e Martita Hunt
Dramatização
musical da vida de Margareth Tobin Brown, uma real sobrevivente do
Titanic. O filme reaproveita cenas de “Náufragos do Titanic” e “Somente
Deus por Testemunha”. A aparição do navio acontece apenas no final e
dura poucos minutos, mostrando a colisão e o naufrágio. Concorreu ao
Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Atriz.
S. O. S. TITANIC
(Idem,TV, 1979)
Com David Janssen, Cloris Leachman,
Susan Saint James, David Warner,
Ian Holm e Helen Mirren
Susan Saint James, David Warner,
Ian Holm e Helen Mirren
Revisou
o mito, seguindo as histórias pessoais de alguns dos passageiros e
tripulantes a bordo, na fatídica noite. Entre eles, um casal apaixonado,
uma atriz e um grupo de emigrantes irlandeses. No elenco, destaque para
os grandes Helen Mirren, Cloris Leachman (Oscar de Melhor Atriz
Coadjuvante por “A Última Sessão de Cinema / The Last Picture Show”,
1971) e Ian Holm.
O RESGATE DO TITANIC
(Raise the Titanic, 1980)
Com Jason Robards, Richard Jordan, David Selby,
Anne Archer e Alec Guinness
Ambicioso,
se concentrou exclusivamente em salvar o próprio navio. Baseado num
best-seller, o Titanic é apenas um recurso da trama em um sofisticado
suspense de espionagem. Fala de um mineral importante que supostamente
afundou com a embarcação. Os efeitos especiais fantásticos não
garantiram o sucesso. Fracasso total.
BANDIDOS DO TEMPO
(Time Bandits, 1981)
Com John Cleese, Sean Connery, Shelley Duvall,
Ian Holm e Ralph Richardson
Os
cômicos personagens são enviados através do tempo ao convés do Titanic.
A aparição do navio se resume a poucos minutos e mostra algumas cenas
no convés e o naufrágio.
TITANIC 2
(Titanic, TV, 1996)
Com Peter Gallagher, George C. Scott,
Catherine Zeta-Jones e Eva Marie Saint
Muitas
versões se concentraram nos passageiros, como nessa minissérie de
quatro horas feita para a tevê, mostrando as relações íntimas entre os
passageiros. Produzido pouco antes do monumental espetáculo de James
Cameron, realizou-se às pressas a fim de pegar carona no possível êxito
de DiCaprio. Produção medíocre, marcada por imprecisões históricas.
A CAMAREIRA DO TITANIC
(La Femme de Chambre Du Titanic, 1997)
Com Oliver Martinez, Romane Bohringer
e Aitana Sánchez-Gijón
Camareira
do Titanic, que procura um lugar para passar a noite, às vésperas da
partida do navio, conhece o amor. Seu amante, sem saber se ela
sobreviveu ou não ao naufrágio, passa a fantasiar o romance entre os
dois. Romane Bohringer está
perfeita como a esposa frustrada, lutando para salvar seu casamento. Sua
química com Olivier Martinez é visível. A espanhola Aitana
Sánchez-Gijón, no papel da camareira, também se destaca. O Titanic faz
apenas rápidas aparições na trama, se resumindo à cenas interiores e da
partida em Southampton.
TITANIC
(Idem, 1997)
Com Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane,
Kathy Bates, Gloria Stuart e David Warner
Oscar
de Melhor Filme, Melhor Direção e mais nove estatuetas. Globo de Ouro
de Melhor Filme e Melhor Direção. Usou o malfadado navio como pano de
fundo para uma história de amor épica. Seu orçamento de 200 milhões de
dólares foi um dos maiores de toda a história do cinema. Lotou os
cinemas do mundo todo, transformando DiCaprio e Winslet em estrelas.
TITANIC, O DESENHO
(Titanic: La Legenda Continua..., 2000)
Animação
italiana que mistura computação gráfica e desenho convencional. Os
interiores do navio são similares ao navio real, mas ainda assim com
muitos erros. Ao contrário da versão anterior, a mocinha é pobre e o
galã é rico.