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4 de abr. de 2012

Músicas bem piores que "Ai se eu te pego" que já foram sucesso no Brasil



Não se preocupem – cedo ou tarde, Michel Teló vai desaparecer da mídia, junto com todo o mimimi sócio-historico-marxista-crítico sobre “ai se eu te pego”. Até lá, ele vai encher a burra de dinheiro regravando sua música até em bahasa, e as pessoas continuarão falando sobre o empobrecimento da cultura no Brasil e bla bla bla. Mas nós temos memória curta – já ouvimos porcarias gigantes, e o Puxa! fez questão de relembrar 7 músicas muito piores que “Ai se eu te pego” que já foram sucesso no país.  




AVISO!
Alguns dos videos vinculados a postagem não são recomendados para menores de 18 anos, e nem para ver no trabalho.

E não custa lembrar: não, eu não gosto nem um pouquinho de Michel Teló – para mim, é só mais um desses cantores de plástico produzidos aos montes, com uma música grudenta rigorosamente igual a todas as outras e que, a exemplo do Puxa!, deu sorte um dia, ficou famoso, mas não demora para voltar ao limbo do esquecimento.

 O pinto
Quem canta? Raça Pura

Foi sucesso? Entre 99 e 2000. O Raça Pura, naquela época em que todos os axés emplacaram, conseguiu ter duas músicas de sucesso: “O pinto” e o terror de todas as Julianas que não querem sambar (como bem já dissemos aqui).

Comparando com o Teló… “Ai se eu te pego” é sobre um cara secando uma mina na balada. “O pinto”, bem, deixa pensar, é sobre pintos. É uma metáfora sobre traição no casamento, já que o pinto pertence ao pai do cantor, mas não deixa de ser sobre pintos. Sério pessoal, repitam comigo: tocou nas rádios uma música sobre pintos, com versos como “esse pinto não é mole” e “pra dormir, tem que coçar a cabecinha”. Michel Teló só seria pior se a música dele chamasse “Ai se meu pinto te pega” – e olha que ainda daria empate.

E sabem qual é a melhor parte disso tudo? A criançada adorava.



Na boquinha da garrafa

Quem canta? Companhia do Pagode

Foi sucesso? “Na boquinha da garrafa” tem uma proeza: estourou com o Companhia do Pagode, em 95/96, e convocou os Cavaleiros do Apocalipse, que regravaram a música e fizeram ela estourar outra vez, já usando uma garrafa cheio de brilhos. Na época, os Cavaleiros do Apocalipse ainda atendiam por seu nome em hebraico, “É o Tchan”. (No video a seguir, de brinde, ainda tem "Dança do Strip-tease").


Comparando com o Teló… em “Ai se eu te pego”, Michel Teló, esse romântico a moda antiga, só chega na garota, sem exigir que ela faça nada em troca. “Na boquinha da garrafa” propunha um negócio que nem é machista e/ou grotesco: que a mulher vá abaixando e rebolando até que suas partes íntimas cheguem perto – MAS NÃO TOQUEM – o bocal de uma garrafa de cerveja. Os extraterrestres que passaram na Terra naquele tempo não só acharam os humanos uns animais primitivos, como também donos de um gosto bem esquisito pra putaria.

E sabem qual é a melhor parte de tudo isso? “Na boquinha da garrafa” foi o carro abre-alas da invasão do axé music na segunda metade dos anos 90.


Cerol na mão

Quem canta? Bonde do Tigrão

Foi sucesso? Em 2001, Bonde do Tigrão vendeu mais de 200 mil cópias, apareceu em todos os programas de televisão. No youtube só tem um vídeo de qualidade muito ruim com a música tocando em programa de auditório, mas dá pra perceber que se passa na Rede TV, então não podia haver nada mais apropriado.


Comparando com o Teló… outra vez, “Ai se eu te pego” é sobre “ai se eu te pego e como”, ninguém aqui está dizendo que não é. Mas pelo menos Michel Teló não fica dando detalhes sobre como vai traçar a moça. “Cerol na mão”, debaixo de um monte de gírias, só fala em meter: “Vou passar cerol na mão” “Vou te muita dar pressão”, “Vou aparar pela rabiola”, tudo, tudo sobre sexo (se você tiver um pouquinho de imaginação, vai notar isso).

Mas se isso não for suficiente pra te convencer, que tal “Entra e sai/entra e sai/na porta da frente/ na porta de trás”. Você acha que ele tá falando do quê? De carga e descarga em um depósito de hortifrutis? Acho que não…

E sabem qual é a melhor parte de tudo isso? Essa ainda é a primeira leva do funk – no youtube, você encontra usuários se lamentando que nessa época que era bom.


 Lapada na rachada

Quem canta? sinceramente, eu não sei. A internet me disse que é um grupo chamado Saia Rodada, mas esse pessoal do forró vive cantando música um do outro. Então, quem souber com exatidão de cartório quem foi o primeiro a cantar, diz aí nos comentários.

Foi sucesso? Um sucesso localizado, eu diria. Não que tenha tocado do Oiapoque ao Chuí, mas você já deve ter ouvido uma vez na vida.

Comparando com o Teló… precisa mesmo comparar uma com a outra? Tá bem, então, em linhas gerais: “música sobre um cara chegando numa mulher” x “música sobre mulher implorando para tomar uns tapas na bunda”. Acho que a discussão termina aqui.


E sabem qual é a melhor parte de tudo isso? É que músicas assim são gravadas a sério pelas bandas de forró. Eles lançam dvds e tudo. E ninguém acha estranho.


Liga da Justiça

Quem canta? Leva Noiz

Foi sucesso? Hit do verão de 2011.

Comparando com o Teló… “Ai se eu te pego” é uma música-padrão da vertente sertanejo-balada (nós inclusive já ensinamos como se escreve uma dessas), que acabou dando sorte. “Liga da Justiça” é uma música inteira feita em cima de um trocadilho, que acabou dando sorte (só para quem canta a música).


“Liga da Justiça” é, com o perdão do meu francês, uma merda ultrajante. Ela foi inteira escrita só para fazer a piada de duplo sentido de “foge foge” com “fode fode”. Os outros seis – vejam bem, SEIS – versos que sobram contém: erros de gramática, bizarrices sobre os personagens e um vocalista arfando a cada duas palavras.

E sabem qual é a melhor parte de tudo isso? Em 2013, alguma outra porcaria vai estourar, baseada no tripé “bunda-elemento incomum-mãozinha pra cima”. Minha aposta é “Dança do Feicebuque”: “Se eu te cutucar você me curte/ ai ai / me cutuca que eu te curto”.