O mago da fotografia das gotinhas
O nome do cara é Markus Reugels e ele tem a incrível habilidade de congelar o tempo, registrado fotografias incríveis de gostas colidindo com a superfície da água.
Marcus vem aperfeiçoando seu processo de trabalho na fotografia ao longo do tempo e inovou em muitas coisas, como sistemas automatizados de gotejamento, luzes coloridas, imagens de reflexão, alteração na densidade e coloração dos líquidos, aplicação de vento… Enfim. Olha só o que o cara consegue fazer.
Para obter fotos tão sensacionais, ele construiu um enorme e complexo setup em sua casa. Veja só:
Duas fotos que eu acho muito legais desse cara são as do wolverine, que parece preso numa gota e a da xícara com uma gota de leite explosiva.
Para registrar essas incríveis fotografias é necessário em primeiro lugar uma câmera apropriada. As mais indicadas são as SLRs, ou câmeras reflex. Como este trabalho necessita de muitas fotografias, o melhor é optar por câmeras com registro digital, ou as DSLRs. Câmeras assim podem ser completamente ajustadas para fazer fotografias num espaço muito curto de tempo, e com ajustes bem precisos de foco e profundidade de campo. Uma coisa que ele faz, principalmente nas fotos de fundo escuro é iluminar fortemente a área do impacto das gotas. Com isso ele regula a maquina para captar a luz num espaço muito estreito de tempo, conseguindo assim um foco muito bom e ao mesmo tempo, uma escuridão quase completa no fundo. Na foto do setup você poderá notar uma placa preta na lateral esquerda, que serve de fundo para deixar o cogumelo das gotas mais destacado. Outro macete é que ele mistura um pouco de leite na água, e isso faz com que a gota não seja muito transparente, valorizando mais a luz.
Medalhão medieval é encontrado na barriga de tubarão
Suseela Menon, uma dona de casa que mora em Klebang achou o medalhão dentro do pequeno tubarão, examinou o achado e se surpreendeu ao notar que ele parecia muito antigo. Havia inscrições dos dois lados do medalhão, sendo que a maior parte era impossível de decifrar. Ele tinha 7,4cm, por 6cm e pesava 10g.
Em um lado, está o perfil de uma mulher com uma coroa na cabeça, rodeada por um texto indecifrável, desgastado pelo tempo no mar, e do outro, um crucifixo, com uma inscrição, onde se pode ler “ANTONII”.
Através de alguma pesquisa, um historiador local revelou que a mulher com a coroa certamente seria a rainha Elizabeth, consorte do rei Denis I de Portugal, que reinou entre 1271 e 1336!
A dona de casa se espantou ao perceber o grau de antiguidade daquela peça. Depois que seu marido descobriu que havia um item religioso na brriga do tubarão, ele decidiu que não iria comer o animal, pois o considerou portador de uma bênção para a família dele. Uma bênção centenária vinda diretamente do fundo do mar.
Devido a localização do achado, é provável que o medalhão tivesse pertencido a um marinheiro português. De fato, o medalhão já poderia ser um item muito antigo quando ele se perdeu no mar. Não é difícil imaginá-lo como uma jóia de proteção, passando de pessoa em pessoa de uma família através dos séculos. A região da Malásia onde o tubarão apareceu com o medalhão na barriga foi colonizada primeiramente em 1400, mas por volta de abril de 1511, Afonso de Albuquerque zarpou de Goa para Malaca com uma força de cerca de 1 200 homens em uma esquadra de 17 ou 18 navios.
Foi assim que Malaca tornou-se uma base estratégica para a expansão portuguesa nas Índias Orientais, ficando subordinada ao Estado Português da Índia.
Os portugueses não encontraram facilidade, e é provável que numa dessas guerras navais travadas no estreito, o medalhão tenha ido parar (com seu dono) no fundo do mar.
O que a História nos conta dessa invasão é que o Mahmud Xá, último sultão de Malaca, refugiou-se no interior, de onde empreendia ataques intermitentes por terra e mar. Ele não queria largar o osso. Assim, para defender a cidade, os portugueses ergueram um forte (cuja porta, que ainda existe, é chamada “A Famosa”).
Em 1521 o Capitão Duarte Coelho Pereira construiu a igreja de Nossa Senhora do Monte. Em 1526, uma grande força de navios portugueses comandada por Pedro Mascarenhas foi enviada para destruir Bintan, onde estava Mahmud. O sultão fugiu com sua família para Sumatra, do outro lado do estreito, onde veio a falecer dois anos depois.
Logo ficou claro que o controle português de Malaca não significava o controle do comércio asiático que por ali passava. Seu domínio sobre o local sofria com dificuldades administrativas e econômicas.
Em vez de concretizar sua ambição de controlar o comércio asiático, o que os portugueses conseguiram foi desorganizar a rede mercantil da região. Graças a eles, o porto centralizador do comércio foi para o saco, e com ele, o Estado que policiava o estreito de Malaca. O comércio espalhou-se por diversos portos em meio a embates militares no estreito.
Se parece estranho um tubarão conter um medalhão medieval na barriga, saiba que é comum encontrar coisas estranhas na barriga dos tubarões. Eles comem praticamente tudo quanto é tipo de porcaria curiosa que vão encontrando. É comum descobrirem placas de carro, cabos de energia, pedaços de brinquedos, itens plásticos e etc dentro de tubarões. Mas parece ser a primeira vez que encontram uma relíquia tão antiga dentro de um peixe.
Sujeito bate recorde de lançamento de aviãozinho de papel
Num único lançamento, Joey Ayoob obteve a incrível distância de mais de 69 metros com seu aviãozinho.
Nada mal, mas quando eu era moleque e nós morávamos no 14 andar de um prédio aqui em Niterói, eu fiz um aviãozinho de papel que voou MUITO mais que isso. Como eu vi exatamente onde ele caiu, (e graças a isso pude chamar os meus amigos do prédio lá em casa para ver de binóculo o avião cravado no telhado da travessa da rua de trás) pude calcular a distância do meu lançamento. Eu usei o Google Earth para medir a distância que meu aviãozinho percorreu e me espantei ao ver que ele voou por 134 metros, com a ajuda de uma térmica. Nada mal! Pena que o cara do Guiness não viu.
Robôs voadores tocam a trilha de James Bond
Todos os robôs na cena são 100% autônomos, ou seja, não estão sendo controlados via radio. Este arranjo foi criado pelos caras da Penn’s School of Engineering and Applied Science. A Penn´s é um dos institutos de ponta no desenvolvimento robótico atual. Este video foi apresentado e premiado no TED2012 em Long Beach, California.
50 horas de gordinhos se estabacando
Minha irmã me indicou este video com nade menos que 50 horas de gordinhos de todo o mundo caindo e se estabacando.
Fala sério, quem passa 50 horas vendo isso? Deve ser o mais longo video do youtube.
Editado: Acabei de perceber que não são 50 horas de gordinhos caindo, é um pedaço grande com um monte de gordinho se estrepando que é replicado infinitamente. Já era um troço babaca, e agora ficou mais ainda.
Vem aí mais uma edição do The Union!
Provavelmente a esta altura, é possível que você ja esteja sabendo da segunda edição do The Union, que acontecerá nos dias 10 e 11 de março de 2012 lá em Sampa.
No ano passado eu fui e posso dizer, foi muito, muito, muito maneiro mesmo, superando as minhas expectativas. Mas ao que me parece, este ano vai ser ainda mais escalafobético o evento. Digo isso porque o The Union vem se consolidando como um dos maiores encontros de criadores digitais e não digitais no Brasil.
É uma oportunidade imperdível para que as pessoas que trabalham na indústria do 3d, games, efeitos especiais e áreas correlatas possam se encontrar, trocar ideias, fazer aquele network fundamental e o que é melhor, conhecer de perto as dicas, truques e macetes usados nas maiores produções Hollywoodianas, com explicações detalhadas de quem FEZ a parada. Sabe aquele tipo de comentário, caso e dica que você nunca vai achar nos livros? Acontece em eventos assim como este, que é o maior evento de computação gráfica da América Latina.
Então, nós podemos dizer que o The Union nasceu de uma conversa com artistas mundialmente famosos por suas criações para a indústria do cinema e dos games. Após esses caras conhecerem a história da escola brasileira SAGA – School of Art, Game and Animation, eles aceitaram o convite de vir ao Brasil para trocar experiências com profissionais e estudantes de cinema, games, artes, publicidade e animação. A primeira edição foi um sucesso, e fiquei absolutamente bolado quando eu vi um auditório gigantesco lotado de gente fã de 3d, efeitos especiais e essas coisas todas que a gente gosta e tá sempre vendo por aqui no Mundo Gump.
Pelo que constatei no site do evento, neste ano, o The Union contará com a presença dos artistas digitais:
Neil Huxley (Digital Domain / Visaul FX em Watchmen, Gamer)
Darrin Krumweide (Gnomon School / Consultor da Warner Bros, SEGA e Universal)
Alex Cancado (Luma Pictures / Light e Lead Compositor em Tron, X Men, Harry Potter e o Enigma do Príncipe)
Cameron Davis (Dreamworks Animation, Toys MacFarlane e Activision / Concept Artist do Guitar Hero)
Alex Alvarez (Presidente da Gnomon School, Gnomon Gallery e Skecththeatre)
Neville Page – Uhuuu! Esse cara é genial! (Concept Designer / Planeta dos Macacos (2001) Minority Report (2002), As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2006) e StarTrek (2009). Ele também colaborou com o Rhythm & Hues nas duas continuações de X-Men, X2 e X-Men: The Last Stand, O Incrível Hulk),
Rob Nederhosrt (Visual Effects Supervisor / O Dia Depois de Amanhã, Demolidor, Star Trek: Nemesis, Fomos Heróis, Vanilla Sky, Pequenos Espiões, O Grinch, X-Men, Supernova)
Scott Spencer (WETA Workshop / Designer em O Código da Vinci, Harry Potter e a Ordem da Fênix, X-Men: O Confronto Final),
Wayne Hollingsworth (Visual FX TD / Gnomon Workshop).
Sentiu a pressão? Pois é! Este é realmente um evento único. Não existe outro evento de Computação Gráfica na América Latina no porte do The Union. O objetivo dos caras é te levar a conhecer novas técnicas e softwares utilizados nas maiores produções de Hollywood. Sem falar que isso vai melhorar seu networking, e permitirá estar cara-a-cara com os grandes profissionais da indústria do entretenimento mundial. Com todas essas vantagens, é óbvio que não se trata de um evento grátis, né? As informações que você precisa saber são:
Quanto custa?
R$ 150,00 a R$ 600 por dia, pacotes promocionais de dois dias – R$ 200 a R$ 850 – preços variam dependendo do setor.
Quando que vai rolar?
Onde vai ser?
Como faz para comprar o ingresso?
Dez esculturas que vão te deixar bolado
1- Batman
Parece escultura isso? Dá até pra duvidar, não é?
2- Super Homem
O super homem não pode não ser tão realista quanto o Batman, mas temos que dar o desconto, já que o Homem de Aço não tem a cara coberta e ainda tem cabelos aparentes, o que aumenta muito a dificuldade no grau de realismo.
3- Vlad
Temos que convir que o Batman e o Super-Homem estão em escala real, ou 1:1. Fazer em miniatura é algo bem mais difícil. Este é o caso de Vlad. Saca só o primor dessa peça:
Até aqui, os escultores mostraram grande capacidade de imitar a aparência humana com realismo, mas que tal criaturas fantásticas? Como eles se saem?
4-Alien
Que foi? Ainda está muito humano na sua opinião? Então olha aí:
5-Alien 2
Mais feio que a lombriga do capeta!
Ok, vamos voltar para seres humanos:
6-Coringa
Coringa 2
7-Peter Cushing (esse eu sei que foi criado pelo genial Jordu Schell)
8- O velho (Jamie Salmon)
9- O Monstro de Frankenstein em estilo steampunk
10- O homem da cara torcida (o nome da peça é “Fake head” e foi feita por Jérémy B.Caravita)
BÔNUS
Casinha na árvore
Com o tempo, eu cresci, mas meu interesse por casas nas árvores ainda persistiu. Se não me falha a memória, eu já até postei sobre casas nas árvores aqui mesmo no Mundo Gump. Da mesma forma, também já postei aqui sobre uma coisa que eu já fui completamente fanático e eu diria até obcecado: Bonsai.
Me lembro claramente de um dia que eu fui ao cinema, era a segunda vez que eu ia no cinema sozinho, e o filme era Karatê Kid. Enquanto 99,9% dos moleques da minha idade saíram do cinema querendo dar chutes no ar com as mãos desmunhecadas abertas como asas, eu saí com a ideia fixa de que iria ter um bonsai como o do Senhor Miaghi.
Mas naquele tempo, não havia nada. Tudo era precário no Brasil. A internet ainda era uma ficção científica impensável, e livros e revistas sobre a arte do cultivo do Bonsai simplesmente não estavam ao alcance, como estão hoje. Eu perdi as contas do tanto de pinheirinhos e plantinhas que eu matei tentando inocentemente criar um bonsai pra mim. Bastava eu ver um arbusto maiorzinho com folhas pequenas e tronquinho mais grosso pra eu ir lá, e tentar colocar ele num vasinho raso e fazer o meu bonsai. Obviamente, era frustração atras de frustração.
Teve um dia que eu estava voltando do colégio e ao passar em frente a uma casa, vi no jardim da casa um bonsai perfeito. Ele ainda não era um bonsai, era apenas um de muitos pequenos arbustos, que a dona da casa usou para decorar o jardim com estética romântica. Era uma cerca-viva em miniatura. Ao longo dos anos, as sucessivas podas em máquina acabaram por hipertrofiar o tronco da planta, e tão logo eu bati o olho, foi amor a primeira vista. Os dois outros arbustos que o ladeavam haviam morrido e desfolhado, e então, lá estava ele. Verdinho, lindo, no meio de duas outras plantas mortas, nos fundos daquele jardim.
Não consegui me conter e toquei a campaínha. Ninguém veio atender.
Minha esperança era de que uma bondosa vovó viesse e compadecida pelo meu apreço à sua plantinha, me doasse a mesma.Mas ninguém veio. E sem poder pedir, a fome comendo solta, fui embora.
Ao longo de vários dias, eu passei a mudar meu caminho para a escola apenas para passar por aquele portão, e olhar para a árvore. Dia após dia, ela parecia mais e mais bonita.
Notei que a grama estava crescendo e a casa enchia-se de mato mês a mês. O mato começou a encobrir as plantas mais rasteiras do jardim.
Um dia, na volta da escola, trepei no muro e fiquei olhando para a planta. Já não era tão fácil vê-la. O mato estava na frente. Quando finalmente consegui altura, me esticando todo sobre o muro com os pés na grade, vi que o meu bonsai estava começando a amarelar. Fui tomado de um impulso incontido quando senti que o destino daquela linda planta estava selado. As duas plantas ao seu lado estavam mortas. Só restava ele. E agora amarelava. O mato lhe tirava a pouca luz da manhã. A casa parecia ter sido abandonada.
Voltei para casa naquele dia teorizando sobre qual seria o destino do dono daquela casa? Talvez fosse uma velhinha que morreu. Seu jardim, cuidado com esmero durante décadas, agora abandonado, a seguiria inexoravelmente para a eternidade.
Naquela noite, não dormi direito com a ideia fixa de entrar na casa, roubar a árvore e replantá-la na casa da minha avó. Afinal, mais que um roubo, uma invasão de domicílio, era um ato de amor a uma planta. Não era um roubo. Era um resgate.
De manhã cedo, tomei meu café com leite e saí pra escola. O vento frio soprava no meu rosto e eu não tirava o pensamento da árvore. A mochila, naquele dia mais pesada que o de costume, ia repleta de apetrechos, como a colher de pedreiro do meu avô, uns ferros e uma estaca, além de um pequeno vaso de cerâmica e arame.
Passei o dia todo esperando a maldição do tempo correr. A aula parecia nunca ter fim. O dia se arrastou miseravelmente, e quando finalmente o sinal tocou eu corri mais rápido que o Flash para a rua.
Cheguei na frente da casa. Encostei no muro e esperei um bom momento. Como havia um cadeado enferrujado no portão, era preciso saltar o muro. A rua dela tinha muito movimento, porque havia um banco nas proximidades. O maior problema, era o jornaleiro, que ficava em frente, e estava sempre na banca, sentado, num banquinho do lado de fora.
Foi um saco esperar o momento certo. O Jornaleiro de tempos em tempos, saia do banquinho dele e entrava na banca. Finalmente, depois de muita espera, ele entrou.
Quando finalmente a rua esvaziou, só havia um sujeito de bicicleta há uns 50 metros da casa. Ele passou por mim, e tão logo deu-me as costas, eu joguei a mochila para o outro lado e realizei a proeza. Num só pulo, com a agilidade digna do Batman, saltei da rua para o jardim.
Uma sensação estranha me atingiu tão logo pus os pés naquele jardim. Uma sensação de estar fazendo algo errado.
Mas não havia tempo a perder. Corri pelo mato alto até a casa. Ali estava a planta. Envolta num monte de mato. Muitas folhas já estavam amarelas. Aquele viço que dava pra notar de longe agora era uma tênue lembrança. Mas havia muitas folhas ainda verdes, e aquilo era um sopro de esperança para a pobre árvore.
Tirei da mochila a colher de pau. Arranquei com a mão chumaços de mato, abrindo um espaço para a planta respirar.
Comecei a escavar a terra.
Eu estava cavando o mais rápido que eu podia, mas era um esforço tremendo e eu estava com medo. Do canto que eu estava, era possível que alguém ao passar na rua me ver e chamar a polícia.
Cavei, cavei, e nada de chegar na raiz da maldita. Era uma raiz funda pra caramba. Comecei a quebrar os arbustos mortos ao redor, na tentativa de abrir espaço e poder escavar mais.
Então, meu futuro bonsai revelou uma copiosa quantidade de raízes, espalhadas para todos os lados. Agarrei firme com as duas mãos no tronco e puxei. Nada a planta parecia chumbada, soldada colada com durepoxi. Fiz mais força ainda. Tanta que achei que estava correndo o risco de soltar um barro na cueca.
E só então, fez um estalo e a planta soltou. Na pressão, eu caí para trás, bati de cabeça na porta de vidro e fez um barulhão do caramba.
Me levantei puto. Peguei a planta e la estava ela, um pedaço da raiz havia se partido, mas ainda tinha muitas outras raízes periféricas. Abri a mochila para pegar o meu vaso.
E foi nessa hora que ouvi um som de um grito aterrador. Um grito daqueles de maníaco, de filme de terror. Só tive tempo de olhar para trás e ver uma velha de cabelo branco, todo para cima, o olhar esbugalhado, fixo em mim. Ela vinha correndo, mas parecia estar em Câmera lenta. A dona era branca feito uma assombração, e estava numa camisola toda suja. Ela veio com um puta dum pedação de pau, gritando para cima de mim. Senti um arrepio subir pela minha coluna. Disparei a correr pelo matagal em direção ao muro.
Naquele dia, temendo pela minha vida, fiz um salto de parkour espetacular sobre o muro, com a mochila nas costas e a árvore na mão.
A velha tampou o pedaço de pau em mim e me acertou nas costas, mas estava com a mochila e ela amorteceu o impacto.
Agora, enquanto eu ouvia ela gritando ensandecida, enquanto sacudia o portão com o cadeado enferrujado, eu encarnava o Joaquim Cruz. Poucas vezes na vida corri tão esbaforidamente.
Cheguei no portão da casa da minha avó quase vomitando, num misto de medo, susto, euforia, cagaço…
Peguei a árvore e plantei no jardim.
Levei meses para ter coragem de passar novamente na porta da casa da velha maluca. Quando eu finalmente fiz isso, o mato estava maior ainda. As plantas, irmãs do meu bonsai, estavam já todas mortas.
Então, tomei coragem e fui até o jornaleiro da esquina. Perguntei a ele sobre a velha maluca daquela casa.
-Que velha?
-A velha que mora naquela casa branca lá, do portãozinho. Eu disse, apontando.
-A casa do matagal? Ah, não mora ninguém lá não, rapaz. A casa tá abandonada. Tinha sim uma senhora que morava lá, mas ela já morreu faz uns dois anos!- Ele disse.
Nisso, voltei a sentir aquele estranho arrepio que havia sentido quando invadi o local. Agradeci, meio desconcertado e fui embora…
Nunca consegui entender aquilo. Seria aquela horrível velha que me perseguiu pelo jardim um fantasma? Ou o jornaleiro estava apenas querendo me sacanear?
Nunca descobri realmente quem era aquela velha, mas depois que ele me disse aquilo, eu nunca mais tive coragem de passar na frente daquela casa. O bonsai roubado morreu poucas semanas depois, transformando todo meu desejo de ter minha árvore em miniatura em completa frustração.
Quando a coisa começou a popularizar, eu ainda continuei tentando. Comprei diversos desses “bonsais de mercado”, que morriam seguidamente.
Hoje encontrei uma parada bastante interessante. Veja só que bacana:
Desde o fim da década de 70, o artista Takanori Aiba trabalhou como ilustrador de jogos de labirinto para uma revista de moda do Japão, chamada POPYE. NA década seguinte, ele trabalhou como arquiteto e finalmente, em 2003 ele resolveu juntar todo seu conhecimento e habilidade de criador de labirintos com a de arquiteto na constrição de pequenos mundinhos. São como pequenas maquetes fantásticas, montados num estilo bem japonês, e com um visual que remete ao bonsai, mesmo quando não existem árvores na cena. Ele usa udo quanto é material para fazer essas esculturas. De plantas reais a resina, plastico, gesso, massa de modelar, metal, madeira… O cara é fera.
Os que eu mais gostos são os que tem casinhas nas árvores. Curiosamente, os trabalhos do cara são bem pequenos, com detalhes quase microscópicos. Babe aí: