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2 de mar. de 2012

10 sucessos portugueses irresistivelmente ruins


 10 sucessos portugueses irresistivelmente ruins


Existe um momento de ruptura da cultura brasileira com a portuguesa, mas não tenho certeza se foi antes ou depois do Trio Los Angeles. Fato é que nas terras de além-mar as minas e tudo mais pira num ritmo chamado "pimba", uma espécie de música popular baseada em trocadilhos - e todas, todas, são irresistivelmente ruins. O Puxa! listou dez para você sair cantando e tocando no seu celular.

de Vinício dos Santos (com pesquisa da Alessandra Prado
AVISO DO PUXA: Vídeos e AUDIOS não recomendados para o trabalho.

10 Roberto Leal, “Fata Morgana”

Fala de quê? Fala sobre como Roberto Leal está em dúvida se a odalisca quem dar uns catos com ele ou se a mina arábica só está a fim mesmo de dançar até o chão com seus sete véus. Há boatos de que a odalisca e Roberto Leal são os verdadeiros pais de Gugu Liberato.


Ponto alto da música: diferente dos outros exemplos dessa lista, o melhor dessa música é aquele efeito Van Damme em Duplo impacto, quando DOIS Robertos Leal cantam para a câmera.

Por que é irresistivelmente ruim: primeiro, porque consegue usar TODOS os clichês do universo sobre o Oriente Médio: Alá, Ali Baba, véu, tenda, mil e uma noites – ou seja, é um É o Tchan! avant la lettre. Depois, porque a dançarina do clip claramente foi arrebanhada numa pista de break e não tem noção do que está fazendo ali, e, por último, quando vocês terão a chance de ouvir outra música do Roberto Leal que não seja aquele jingle de Epoclair?


9 Saul Ricardo, “O bacalhau quer alho”

Fala de quê? Do costume lusitano de temperar bacalhau com alho. Mas como nenhum leitor do Puxa tem três anos, podemos dizer, sem melindres: é um trocadilho sobre caralho (óo!)


Ponto alto da música: como entender português europeu já é dificil, ainda mais quando dito por um menino com menos dentes que o Tião Macalé, eu queria transcrever essa delicada referência a genitália feminina para vocês: “O bacalhau que mais gosto / tem no meio o presuntinho/ Servido nas suas postas/ tudo entremeadinho…”

Por que é irresistivelmente ruim: porque eu sonho com o dia em que uma criança prodígio cante um negócio realmente constrangedor no Raul Gil, e Saul Ribeiro me dá esperanças. Pena que ele não seja bem uma criança: tá na cara que é um anão que trabalha de anjos do resgate na estrada de madrugada.


8 Joana, “O meu zé tem a vara curta”

Fala de quê? Do dia em que Joana e seu zé foram colher azeitonas, mas a vara que o zé está usando não chega. No final, ela acaba interpelando por uma vara maior. Nem preciso falar do simbolismo óbvio da vara – eu tô aqui pensando de que, precisamente, a azeitona é metáfora.


Ponto alto da música: “mas varas grandes é que dão para chegar”, possivelmente a descrição mais gramaticalmente tortuosa já feita sobre pintos grandes.

Por que é irresistivelmente ruim: porque não deve nada para um axé de duplo sentido dos anos 90. E eu não arriscaria minha vida que, cedo ou tarde, alguém vira hit em Salvador com esse negócio.


7 José Malhoa, "O filho não é meu"

Fala de quê? do sujeito que saiu com uma sirigaita e agora precisa afirmar que o filho da distinta não é dele, através de um argumento infalível - ele não gozou. Elegância. Pura elegância.


Ponto alto da música: a canção toda é um achado, mas vejam que coisa mais singela, para você mulheres: "Ai, toda a malta pôs-lhe a rolha / hoje cresceu a bolha"

Por que é irrestivelmente ruim: escutem a música - o ritmo, a temática, a grosseria... é Latino em português de Portugal!! (com a diferença que o José Malhoas é um tiozão-Dustin-Hoffman-depois-de-muita-pinga)

lyricsmusica.it


6 Graciano Ramos, "Mulheres peludas"

Fala de quê? Do gosto do autor da música sobre mulher peluda, e seu desgosto pelas depiladas. Sério, quando vocês ouviram uma coisa dessas no Brasil?


Ponto alto da música: além do refrão, votei em "Tal como nós / ela também faz a barba".

Por que é irresistivelmente ruim: porque seria o tipo da música de fundo para tocar enquanto casais se esbofeteiam pedindo DNA no Ratinho. E o Ratinho ia implorar pra não tocarem a música.


5 Quim Barreiros, "Bacalhau à portuguesa"

Fala de quê? do anseio do sujeito em cheirar o bacalhau da esposa. Será que tem um nome para uma tara dessa? quem souber, me conta nos comentários, mas sem videos, okay.


Ponto alto da música: evidentemente, "Quero cheirar teu bacalhau, Maria"

Por que é irresistivelmente ruim? O Quim Barreiros é um dos grandes nomes do pimba português, precursor do gênero, representante do pimba moleque, do pimba amarra cachorro com linguiça. RESPECT THE MAN, BITCHES.


4 Zé do Pipo, "Cereais Nuku"

Fala de quê? que Zé do Pipo encontrou no Estados Unidos uma maravilha que emagrece e mantém a forma: os cereais Nuku. Vocês já sabem onde isso vai chegar.


Ponto alto da música: "Mulher sadia come Nuku todo dia".

Por que é irresistivelmente ruim? porque o Zé do Pipo saiu diretamente de uma esquete da Praça é Nossa; some a isso essas dançarinas desajeitadas e as senhoras cantando na platéia como se não houvesse amanhã, e você terá um toque de celular formidável. Isso sem contar a maravilha que é "Tira-me o leite da frente".


3 Rosinha, "Quem põe a minhoca sou eu"

Fala de quê? Das dificuldades do namorado da Rosinha em colocar a minhoca no anzol, e como a moça lhe ajuda. Isso aí. Desventuras da penetração. Certa resposta!


Ponto alto da música: claro que a letra está atolada de referências a pênis, mas quer saber, eu piro mesmo é no jeito como ela diz "em cima de uma mantinha".

Por que é irresistivelmente ruim? primeiro, porque a Rosinha é malhada nos comentários do Youtube, porque a portuguesada é machista e não aceita bem mulher cantando besteira. Depois, porque ela não tira esse óculos escuro em nenhum clip, o que faz dela a versão lusitana daquele cara comprido do KLB. Por fim, pelo jeito como ela fala "mantinha". Mãantttinhá.


2 Rosinha e Zé do Pipo, "Macho e fêmea a discursar"

Fala de quê? Rosinha e Zé do Pipo duelam sobre as diferenças entre os sexos.


Ponto alto da música: sejamos igualitários - "Mulher pra mim é como frigorífico, gelada e parece morta / Meto a carne toda lá dentro e meus ovos ficam de fora" (Zé do Pipo) e "Deus apenas criou o homem pois vibrador não corta a relva" (Rosinha).

Por que é irresistivelmente ruim? lembram quando Caju e Castanha faziam repentes com "a mulher do pobre e do rico" ou "corinthians contra são-paulino"? Pois é a mesma coisa, só que além mar. O crossover nem é tão bom assim, mas quando vamos ver dois gênios do cancioneiro popular juntos desse jeito? É quase tão bom quanto Vinícius e Toquinho cantando na Itália naquele dvd de 12,99.


1 João Claro, "O pai da criança"


Fala de quê? De João Claro dando uma de João sem Braço, fingindo que não é pai de ninguém.


Ponto alto da música: toda a conversa de surdo entre João e seu filho, incluindo "eu achoooo que éssss tu!"

Por que é irresistivelmente ruim? porque João Claro era encanador, e foi alçado ao sucesso com essa música, e nada gera mais aquela pena que enternece do que um bom clip amador gravado na pracinha da igreja. Carro passando, efeito de espelhamento, dublagem tosca, dançarinas perdidaças e patrocínio de padaria - João Claro personifica o ditado "se melhorar estraga".