O País do faz de conta
Candidato a candidato
É tempo de eleição
Vão surgindo os boatos
Começa a perseguição
Dossiês apresentados
Candidatos maculados
São expulsos da seleção
Os partidos se prepararam
Em busca da coligação
Namoros e aconchegos
Não se faz qualquer distinção
Em relação a quem vota
No povo que lhes devota
Grande admiração
Casais são logo formados
Sem nenhuma coerência
Direita com a esquerda
Não existe preferência
A ética vai para o lixo
Prevalece o capricho
E a falta de consciência
A mídia não dá moleza
Segue de perto a eleição
Aos poucos vai definindo
A primeira colocação
Entra no jogo a pesquisa
Vestindo a sua camisa
Da fábrica de opinião
Se o pleito fosse agora ?
Formula-se a indagação.
Em quem o eleitor votaria?
Pra presidir a nação?
Respondem os eleitores
Os verdadeiros atores
Dando a sua sugestão
E assim, toda semana
Nos jornais, sai publicado
A preferência do povo
Publica-se o resultado
Surgem alguns favoritos
Entre todos os inscritos
E a agente desconfiado
O sobe-e-desce acontece
Seja pra baixo ou pra cima
Aos poucos desaparece
O candidato sem rima
O último colocado
O menos classificado
Com quem ninguém se afina
Ficaram os favoritos
Muitos são de oposição
Outros de centro-esquerda
No meio da indecisão
O pleito no curso normal
O candidato oficial
Subindo na contramão
O processo assim esquenta
Com certa antecipação
Entra em cena os desaforos
E o debate na televisão
Quem ganhou e quem perdeu
Ninguém sabe quem venceu
Na pesquisa de opinião
Até que chega o momento
Do grande debate final
O primeiro colocado
Já desfila como tal
É o presidente de fato
Escolha do anonimato
Resultado virtual
E vem o segundo turno
Mais pesquisa de opinião
Agora, dois candidatos
Um deles, da situação
E as forças se dividem
Nos bastidores decidem
Quem ganhará a eleição
Reviravolta no pleito
O vencedor em questão
É gente como a gente
Do lado da oposição
Ganhou o sindicalista
Foi o primeiro da lista
Da lista de votação
Discursa com a promessa
De mudanças radicais
Promessas e mais promessas
Sai nas páginas dos jornais
Assume com muita festa
Ao povo somente resta
Sonhar, pois nunca é demais
Escolha do Ministério
Composição das bancadas
Lideranças definidas
Medidas anunciadas
Conselhos são instalados
Programas são divulgados
Primeiras ações conhecidas
Cresce a impaciência
De novo, nada acontece
O governo pede calma
E o povo obedece
Mas cobra os resultados
Já estão desconfiados
Pois o salário não cresce
Surge o primeiro pacote
Para o povo, um retrocesso
Que o próprio presidente
Levou até ao Congresso
Acabando com direitos
O pacote tem defeitos
Já não faz tanto sucesso
No país do faz de conta
Isso tudo acontece
A gente elege a esquerda
E a direita aparece
E o novo presidente
Tenta enganar a gente
De tudo ele se esquece
Esquece que no passado
Ainda sem a gravata
Prometia mais emprego
Acabar com a mamata
Mas depois que foi eleito
Não se lembra mais direito
Diz que foi tudo bravata
Que a coisa é diferente
Mudou todo o pensamento
Vai tocar a economia
Com o mesmo instrumento
Deixado pelo antecessor
Sem guardar mágoa ou rancor
Continua o sofrimento
Um por cento de reajuste
Confisco do aposentado
Aumenta-se os impostos
O dever foi copiado
Do livro do seu Fernando
Com o Congresso apoiando
O eleitor enganado
Pois atirou no que viu
Acertou no inusitado
Deu zebra nesta eleição
Não mudou nem o listrado
Tanto faz o preto e o branco
Para ser bastante franco
Semelhante é o riscado
E assim o velho partido
Com o vermelho desbotado
Vai ficando parecido
Com o outro amarelado
Agora o PSDB
Tá com a cara do PT
De tucano avermelhado
Assim acontece agora
No país de mentirinha
Que só vive de conversa
Vai soltando abobrinha
O feijão pro Fome Zero
Que até hoje eu espero
Pra comer uma "vêizinha"
Todos os brasileiros
Diz a Constituição
São iguais perante a lei
É como se fosse irmão
Mas isso não é verdade
Falta muita honestidade
E muita compreensão
Por parte desse governo
Na hora da repartição
Da renda e do emprego
Não há consideração
Rico acumula riqueza
E a maioria, pobreza
Não ganha nem um tostão
Falta tudo nesta terra
Já é fato consumado
Saúde e educação
Comida e mais cuidado
Respeito e dignidade
Justiça e liberdade
De'um governo equivocado
Do velho até as crianças
Todos os necessitados
Estão aguardando o dia
De serem agraciados
Por um presidente eleito
Que faça o serviço direito
Para o qual foi bem votado
Pois esse que aí está
Anda meio enrolado
Negocia, negocia
Não se vê o resultado
Atiramos no inimigo
Fez-se pronto o "fogo amigo"
E o voto foi queimado
Domingos Oliveira
Meu amigo Domingos
acredite se quiser
ainda não tropeçou, sequer!
