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2 de nov. de 2011

As civilizações mesoamericanas

A cultura da alimentação no Brasil ocorre de uma forma diferente do resto da America Latina. Apesar de alguns ingredientes serem os mesmos, a forma de trabalhar o produto dá-se de acordo com as especificidades de cada região, pois levam-se em consideração práticas culturais, o clima e as formas da sociedade local interagir com o meio ambiente.



“As culturas Mesoamericanas tinham a capacidade de selecionar os diversos tipos de semente para sua adaptação ao grau de umidade ou seca, ou ainda, a altura em que seriam plantadas. A domesticação da planta ocorreu no período entre 7.000 e 5.000 anos AC, promovendo o desenvolvimento de civilizações avançadas, detentoras de procedimentos e práticas de cultivo organizadas, reguladas por tabela de cultivo. O que se considera como o calendário asteca é, na verdade, uma tabela precisa de plantio do milho com a definição da época para plantio e colheita. O conhecimento da planta era avançado, pois há registros de que já no período de 1.500 anos AC os agricultores contavam com espécies híbridas do milho.

Este grão é uma peça central para compreender o processo civilizatório do continente. No entanto, na América do Sul, o milho divide sua importância com outra planta, a mandioca. Para os povos indígenas, sobretudo do Brasil, a mandioca terá papel central no processo de ocupação do território.

Os estudos arqueológicos mostram o milho como planta cultivada, ou seja, desenvolvido através da participação humana, há mais de 7.000 anos. Os sítios arqueológicos do México, sobretudo a região de Tehuacán, são os locais de registros da existência de uma agricultura organizada, fundada em uma economia mista baseada fundamentalmente no milho, com evidências de tipos de híbrido. O grau de desenvolvimento das civilizações do milho era muito significativo, o tipo e o uso de instrumentos e ferramentas agrícolas são algumas das evidências disso."

Nos próximos textos continuarei a falar da importância do milho para a construção dessas civilizações.

As civilizações mesoamericanas parte 2

O milho na construção da civilização americana


Foi a agricultura do milho que determinaria na mesoamerica o surgimento de cidades como Teotihuacán, Monte Albán, Palenque e Tikal, por exemplo, que tiveram na acumulação dos grãos de milho a sustentação dos seus exércitos, artesãos e construtores de edifícios, assim como a hierarquia, tanto do cerimonial como da administração pública, constituindo a base econômica do desenvolvimento político e social do México Antigo na sua etapa final, do ano 900 a 1521 DC.(SOLIS, La cultura del Maíz, Editorial Clio, 1998).

O predomínio da cultura do milho no cotidiano indígena indicava o conhecimento e controle do tempo, pois ela requer épocas específicas para a plantação e colheita. Assim, os dados do calendário solar asteca mostram a organização da atividade segundo uma divisão dos 360 dias em 2 períodos - período de águas e de seca - com 18 períodos de 20 dias cada um, sendo o restante o tempo considerado ruim. Além disso, os astecas contavam com agricultores de trabalho em tempo integral. (SOLIS, op.cit.)
Os registros mostram também a existência de ferramentas de plantio feitas de madeira, cobre ou bronze, indicando o avanço dos recursos de conhecimento disponíveis. Outro exemplo da complexidade social dos astecas era a forma de organizar a alimentação, estabelecendo porções de tortilhas relativas à idade das crianças (SOLIS, op.cit.15)

Além do conhecimento das práticas e recursos do cotidiano econômico dos povos pré-hispânicos, a mitologia e cultos constituem um campo rico para resgatar a construção de sua identidade cultural, e as práticas religiosas identificadas com a agricultura permitem estimar a importância do milho. No caso do Astecas, as festas anuais associadas à agricultura eram consagradas aos deus da vegetação (Xipe tótec) e à deusa da terra (Tlazoltéotl), incluíam regularmente sacrifícios humanos que tinham como sentido preparar a terra para a colheita do milho. Nas festas chamadas de “festas de despertar” da vegetação, colocavam-se pedaços de bambu nas casas para simbolizar as espigas que estavam por chegar. Na festa da colheita em setembro ocorria uma representação dramática da concepção e do nascimento do milho. Na dramatização, um sacerdote cobria-se com a pele de uma mulher sacrificada e sentado no chão imitava o parto do milho pela deusa da terra Tlazoltéotl (KRICKEBERG, Las Antiguas Culturas Mexicanas, Fondo de Cultura Economica, 1956).
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Fonte - Viva México