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10 de jul. de 2011

A sabedoria da montanha!... (conto)


da


Na antiga China, no alto da montanha Ping, morava um iluminado de nome Hwan. De seus muitos discípulos, conhecemos um, Lao-li estudou e meditou sob orientação do grande mestre Hwan. Apesar de ser o mais inteligente e o mais determinado entre todos os discípulos, Lao-li ainda tinha de alcançar a iluminação.  A sabedoria da vida não era sua. Tal meta lhe tomou dias, noites, meses, mesmo anos, até que, numa manhã, observou uma flor de cerejeira. "Não posso mais lutar contra o meu destino", ele pensou. "Como a flor da cerejeira, devo resignar-me". Naquele momento, Lao-li decidiu descer a montanha, deixando para trás seu sonho de alcançar a iluminação. Lao-li procurou Hwan para lhe comunicar a decisão. O mestre se sentou diante de uma parede branca, em profunda meditação. Depois falou: "Amanhã estarei com você na descida da montanha". Nada mais foi dito. Na manhã seguinte antes de começar a descida, o mestre olhou em torno da paisagem que circundava a montanha e perguntou: 

"Diga-me Lao-li, o que você vê?" Lao-li respondeu: "Mestre, vejo o sol começando a levantar-se no horizonte, montanhas que se estendem pôr quilômetros a fio, o vale, o lago e uma velha vila". O mestre sorriu, e eles iniciaram a descida.  Hora após hora, enquanto o sol cruzava o céu, eles andaram. Só pararam no pé da montanha. De novo, Hwan pediu a Lao-li que dissesse o que via. "Grande sábio, vejo ao longe galos correndo pelo poleiro, vacas dormindo no prado, velhos tomando o sol da tarde e crianças brincando no riacho". O mestre, em silêncio, continuou a caminhar até chegar ao portão da vila.  Então, eles se sentaram sob uma velha árvore. "O que você aprendeu hoje, Lao-li?", perguntou o mestre. A resposta de Lao-li foi o silêncio. Depois de muito tempo, o mestre continuou: "A estrada para a iluminação é como a jornada montanha abaixo. A Graça só ocorre àqueles que se dão conta de que o que se vê lá em cima não é igual ao que se vê aqui embaixo. Sem esse conhecimento, fechamos nossas mentes a tudo aquilo que não podemos ver de onde estamos. Limitamos então nossa capacidade de crescer e aprimorar-nos. Mas, com esse conhecimento, Lao-li, há um despertar. Reconhecemos que sozinha uma pessoa vê muito - o que, na verdade, é bem pouco. 

Essa é a sabedoria que abre nossas mentes para o aperfeiçoamento, que derruba preconceitos e nos ensina a respeitar o que a princípio não podemos ver. Nunca se esqueça dessa última lição, Lao-li: o que você não pode ver pode ser visto de outra parte da montanha ". Quando o mestre parou de falar, Lao-li pôs-se a olhar o horizonte. Enquanto o sol se punha diante de seus olhos, uma luz nascia dentro do seu coração. Lao-li se voltou para o mestre, mas ele já não estava mais ali. E assim termina esta história. Dizem que Lao-li subiu novamente a montanha e se tornou um grande iluminado.