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7 de jul. de 2011

Ataques de tubarões

Os ataques de tubarão que afastam os turistas e amedrontam a população em Pernambuco são considerados por estudiosos como a ponta do iceberg de um problema ecológico maior e muito mais grave. É como se o meio ambiente estivesse pedindo socorro e o tubarão fosse apenas seu porta-voz. "Na verdade, o tubarão é uma das maiores vítimas da degradação ambiental provocada pelo ser humano. Enquanto cerca de 80 ataques são registrados por ano no mundo, o homem mata 100 milhões de tubarões no mesmo período", ressalta o biólogo e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Otto Gadig, reconhecido como um dos maiores especialistas em tubarões do País.
Ele acredita que as pessoas conhecem muito pouco sobre o peixe. ( Saiba mais)"O tubarão não é um comedor de gente, mas mordedor. Pela falta de alimento, ele pode estar procurando outros tipos de presa e confundindo o homem com uma delas". Entender as causas dos ataques serve, dentre outras coisas, para mostrar que ele não é o vilão do mar, como o imaginário popular construiu ao longo dos anos.
Vários fatores têm sido elencados por pesquisadores como prováveis responsáveis pelo aumento do número de ataques no Estado. "É preciso entender que os ataques em Pernambuco não são um problema recente. Conheço relatos de pessoas que perderam parentes vítimas de ataques nas décadas de 50, 60 e 70, mas os fatos eram isolados", observa o engenheiro de pesca e oceanógrafo Asis Lacerda, que é supervisor de gestão florestal e área protegida da Agência Estadual de Meio ambiente e Recursos Hídricos (CPRH). "Houve um aumento populacional na orla, principalmente de Piedade e Candeias, em Jaboatão dos Guararapes (cidade vizinha ao Recife), com despejo, sem controle sanitário, de resíduos orgânicos no mar, que podem estar contribuindo para atração dos tubarões", completa. Além dessa hipótese, outras possíveis causas são levantadas pelo Comitê Estadual de Monitoramento aos Incidentes com Tubarões (Cemit), a exemplo da pesca indiscriminada de camarão, mudanças climáticas, presença de chorume do lixão e restos de matadouro no rio e topografia submarina da região favorável, caracterizada por um canal profundo adjacente à praia.