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29 de mai. de 2011

250 Cristos

A família que construiu 250 Cristo Redentores

Inaugurado em 1931, o Cristo Redentor é um dos símbolos do Rio de Janeiro. Ele mede 30 metros e é o mais famoso do Brasil. Mas existem pelo menos outros 250 deles espalhados pelo país, todos com medidas que chegam até 12 metros de altura. Eles foram construídos pela família Papaiz, da cidade de Campinas (SP).

O original, no Rio de Janeiro


A primeira réplica do Cristo Redentor do Brasil foi construída por Otaviano Papaiz na década de 1950. Ele tinha uma marmoraria e já trabalhava com arte sacra quando construiu uma estátua de 12 metros. “Não sei o que deu na cabeça dele”, diz o filho Ivo Papaiz, que era adolescente na época.
O prefeito de São José do Rio Pardo (SP) gostou da imagem e decidiu comprá-la para a cidade. Como Otaviano tinha os moldes, tornou aquilo um negócio. Elaborou estátuas de mesmo tamanho em Serra Negra (SP), Taubaté (SP), Poços de Caldas (SP) e mais 15 cidades, até Ivo assumir o negócio.


Taubaté (SP)


Depois de 1964, Ivo garante que houve um bom aumento no número de pedidos. “Só não tenho imagem de Cristo nas regiões em que Padre Cícero manda”, conta. As réplicas foram enviadas para o  Brasil inteiro: de Coari, no Amazonas, até Guaporé, no Rio Grande do Sul.

Guaporé (RS)


Para fazer as formas do Cristo Redentor, Otaviano primeiro construiu um modelo em barro. Depois, fez  um molde em gesso. Quanto maior a estátua, mais peças são usadas na montagem. A imagem de 8 metros precisa de 51, enquanto a de 12 metros requer 141 pedaços. As primeiras partes são em formato de anel, o que deixaria o Cristo oco por dentro. Por questões de segurança, era recomendado colocar cimento com pedrinhas ou até mesmo entulho na parte vazia até a metade do “corpo”.

Poços de Caldas (MG)


Engana-se quem pensa que construir um monumento desses custava muita coisa. Apesar de parecer imponente, o serviço dos Papaiz não ultrapassava o equivalente a cerca de 12 mil reais pela maior estátua. Na opinião de Ivo, isto foi um dos fatores que mais ajudaram na popularização, já que os prefeitos não precisavam da autorização da Câmara para as pequenas compras. Depois de 2000, houve uma queda nas encomendas. O empreendedor acredita que isso se deva à burocratização das prefeituras e o fortalecimento de outras religiões. Em 2005, ele vendeu as formas e abandonou o negócio. “Parei na hora certa”, diz.